quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ó, Mãezinha da Boa Viagem!


Saúdo-a, ó Mãe da Boa Viagem, com a alegria de um filho que lembra de seu colo maternal e acolhedor. Não quero nessas palavras tornar-me mais um a dizer-lhe versos, a cantar-lhe cantigas e a celebrar sacrifícios. Quero antes, ser como seu Filho: a dizer e encontrar a liberdade de fé, a cantar a melodia do amor e da vida e a celebrar a alegria da relação com os outros e nos outros. Sou grato pelas vezes em que me carregou em seu colo materno, pelas vezes em que me alertou dos perigos, pela companhia na solidão e, principalmente, pelas viagens desse estrangeiro que sou.
Sim, minha mãezinha, sou um estrangeiro! Um estrangeiro neste meu eu, que é a cada dia revelado e encoberto pelo véu do novo... Sou um estrangeiro a caminhar na vida de tantos e dar-me o direito de entrar nos territórios sagrados de suas histórias... Sou um estrangeiro a dizer o desconhecido e a proclamar o silêncio... Sou um estrangeiro, sem história, só e caminhante: Para onde? Não sei, sou simplesmente... antes de tudo, um estrangeiro na verdade, de cujos monopolizadores faço-me opositor...
Mãe, sou um filho-estrangeiro que... como adulto precisa de suas mãos para me ajudar nos tombos dos primeiros passos. Porém, como criança, peço-lhe o direito de partir de cajado nas mãos e livros na bolsa... Como esposo, peço-lhe que ensine-me a fazer de meu encontro com minha amada uma imagem de Deus, assim como fazia com José no coito nupcial no dia da concepção de Jesus. Porém, como solteiro, ensina-me a respeitar meu corpo e a festejar suas alegrias... Como um ignorante, dai-me a graça de orientar e celebrar com e o rebanho de seu Filho rumo ao encontro da Verdade. Porém, como sacerdote, ensina-me a igualdade e a sê-lo: “Com exemplos e não simplesmente com documentos”.
Querida mãezinha da Boa Viagem, olha por nós, seus filhos! Escuta nosso agradecimento, mesmo nas incertezas do amor... ama-nos, mesmo quando a decepcionamos... Ensina-nos mesmo diante de nosso orgulho de ignorantes... ouve-nos, mesmo diante de nosso silêncio soberbo... carrega-nos mesmo que nos sintamos grandes o bastante para rejeitarmos o colo... OBRIGADO, ACIMA DE TUDO!

“Mãe e Mulher de Nazaré, fizeste viagem com fé,
Unida a teu esposo José, vai nos guiando pela maré.
A procura de ouro trouxeste a Del-Rey nestas terras sagradas,
Boa Viagem rogai, por nós, a Trindade amada...”



Jackson de Sousa Braga
Em Itabirito de coração, 15 de agosto de 2013
Dia de Nossa Senhora da Boa Viagem