quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

“Achareis o menino envolto em panos” (Lc 2, 12)



"Devemos ver o brilho do astro e não a escuridão que o rodeia"
(Por que Deus criou as estrelas?)


A data histórica hoje celebrada é um tradição antiquíssima que nos lembra o nascimento do maior ser humano da história, Jesus de Nazaré. Sei que não é hábito que se narre nenhum nascimento num estábulo e com a presença de reis, mas temos inúmeros nascimentos que acontecem ainda hoje em locais precários ou ainda com presenças inesperadas e até mesmo ilustres. Por isso, quero hoje escrever sobre a importância do receber uma nova figura, alguém que possa ressignificar a história e mudar as pessoas. O título que escolhi, deixa claro que quero falar do grande nascimento da história como um nascimento que tem a mesma marca de todos, ou seja, que de tão humano se torna divino – parafraseando a famosa frase boffiana.
            Jesus nasceu da mesma forma que todos nós, sem nenhuma diferença ou privilégio. Creio que Ele deve ter sofrido a dor das lágrimas ao ser expulso da proteção e aconchego do útero, necessitado das limpezas e preparação da parteira, festejado a acolhida e amparo paterno e materno e clamado pelo calor das mantas que nos protegem do frio do mundo. Por isso seu nascimento é um nascimento que se torna simples e como o de todos humano. Não podemos pensar em seu nascimento como um fato extraordinário ou como algo que foge a alçada da capacidade humana de existir e experimentar.
            Talvez, esteja se perguntando: “Por que então celebrar um nascimento comum? Só porque Ele era o Filho de Deus?” Diante desta pergunta, eu poderia inquietar o questionador: “Por que não celebrar um nascimento comum?”
            Este Jesus que nasceu sonhava com isto. Seu objetivo era tornar a vida humana um fato marcante e importante e não uma ocorrência matemática que se soma as outras inúmeras. Jesus ensinou-nos a observar a vida como um presente e uma dádiva. Por isso, seu nascimento se tornou o nascimento dos nascimentos, pois seu significado especial não foi dado por outros, mas por Ele mesmo. É hora de lembrarmos que o milagre da vida é um fato que ultrapassa nossa simples percepção e torna-se o início da maravilhosa história humana.
            Nascer é tornar a vida um caminho que se fará junto aos outros, com a presença da amizade, do amor, das alegrias, mas também com as tristezas, decepções e sofrimentos. Nascer, depois de Jesus, é experimentar a oportunidade de sermos felizes aqui e, mesmo diante do sofrimento, não deixar que a história humana se torne um fardo ou um peso. Nascer é antes de tudo celebrar nossa existência e fazer dela um dos maiores bens que a humanidade tem. Por isso, o Nascer, a partir de Jesus, não é mais um fato que todos passamos, mas antes um Natal que todos podemos viver.
            Para não terminar, mas provocar quero dizer que celebrar o nascimento de Jesus é celebrar o início de uma nova história, onde a vida humana acontece de forma humana e por ser humana é digna de significado e importância. Jesus não se tornou o maior homem da história com seu nascimento, mas antes por sua vida e morte. Sendo assim e seguindo seu exemplo, vamos fazer de nossa história uma estrela cintilante digna para o nosso nascimento?

JACKSON DE SOUSA BRAGA
Pensando na Estrela-Guia
25 de dezembro de 2013