No
gênesis se encontram dois relatos da criação, nos quais se expressam duas
tradições, a saber: a escola Javista e a escola Sacerdotal. No relato da
escola Sacerdotal tem-se a afirmação do
ser humano como imagem de Deus, ou seja, o ser humano é criado de forma
diferente das demais criaturas. Tendo em vista isto, este trabalho pretende, de
forma bem sucinta, analisar esta afirmação, dando destaque para o que ela vem
ressaltar na relação do homem e Deus.
Segundo
Mons. Celso, a criação do ser humano é o ápice desse discurso da criação[1].
No relato, ao se afirmar a criação do ser humano tem-se uma mudança esquemática.
Isto é, nas criações anteriores era utilizada, pelo hagiógrafo, a ordem e criação (“e Deus disse e assim
se fez”); já na criação do ser humano, Deus toma a decisão de criar: “Façamos o
homem à nossa imagem, como nossa semelhança”[2]. O
hagiógrafo se vale de um plural deliberativo, onde Deus fala consigo mesmo e
nesse monólogo Deus decide criar o ser humano a sua imagem e semelhança.
Este
aspecto da imagem de Deus dá ao ser humano a possibilidade de diálogo e relação
com Deus. Ao se tornar imagem e semelhança de Deus, o homem não está se
tornando um deus, mas um ser superior entre todas as criaturas criadas. O ser
imagem e semelhança de Deus abre a possibilidade para a afirmação que é feita
pelo hagiógrafo logo depois da deliberação de Deus: “e que eles dominem sobre
os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todas as feras e
todos os répteis que rastejam sobre a terra”[3].
Ou seja, ao se tornar imagem de Deus o ser humano domina sobre todas as
criaturas, mas não deixa de ser uma delas: “o homem inteiro, como personalidade
completa, tinha a imagem de Deus, que se manifesta sobretudo na faculdade de
dominar sobre as criaturas”[4].
Sendo
assim, ao se tornar superior às demais criaturas o homem precisa de uma relação
com Deus, na qual ele pode manter viva sua responsabilidade de domínio e
cuidado sobre toda a criação e até sobre si mesmo. É nessa relação com Deus que
o homem e a mulher são capazes de atingir a sua verdadeira condição, de imagem
e semelhança de Deus e ainda assumir seu verdadeiro lugar: criatura escolhida e
criada por Deus, à sua imagem e semelhança.
Referências
bibliográficas
·
BÍBLIA DE JERUSALÉM, A. T. Genesis. 157. 6 ed.
São Paulo: Paulus , 2010.
·
REIS. Mons. Celso Murilo Sousa. Apostila do Pentateuco.
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